Localização do recife na foz do Rio Amazonas e uma imagem do mesmo. Créditos: composição de imagens Pesquisa FAPESP e Greenpeace
Localização do recife na foz do Rio Amazonas e uma imagem do mesmo. Créditos: composição de imagens Pesquisa FAPESP e Greenpeace

Único no mundo recife de corais da Amazônia está ameaçado pela exploração petrolífera internacional

Recentemente descoberto (2012) o recife de corais da Foz do Rio Amazonas está gravemente ameaçado pela exploração petrolífera de empresas europeias. Entre 2017 e 2018 descobriu-se que o recife é ainda maior e mais complexo do que se imaginava.


Imagine uma floresta submarina com quase o tamanho do estado do Espírito Santo ( 46 mil km2 ). Este é o tamanho aproximado do recife de corais da Foz do Rio Amazonas que, segundo recente pesquisa, vai do Amapá até o Maranhão e está a aproximadamente 110 km de distância da costa brasileira.

Apesar da pouca pesquisa na região já se desconfiava da existência de recifes devido a relatos de pescadores e algumas sondagens de equipes da Petrobrás da década de 60. Em 2012 uma equipe coordenada pelo biólogo e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rodrigo Moura, percorreu a região dando início a descobertas mais concretas. Expedições realizadas em 2017 e 2018 com o navio Esperanza do Greenpeace revelaram que o recife era muito maior do que se pensava.

Mapa com os estados do Piauí, Pará e Maranhão e uma faixa colorida destacando a localização dos corais
O recife de corais amazônico está localizado na foz do Rio Amazonas, a cerca de 110 km de distância da costa. Créditos: recorte da imagem original de Pesquisa FAPESP

Segundo o professor da Universidade Federal da Paraíba, Ronaldo Francini Filho A diversidade de ambientes equivale à de florestas, com uma grande quantidade de espécies em uma área ampla

A formação destes recifes na foz do rio amazonas, que despeja cerca de 14 toneladas de sedimentos por segundo, vai de encontro com o que se conhecia sobre a formação de recifes que em regal ocorre em regiões com águas quentes, rasas e límpidas com grande quantidade de luz e poucos nutrientes. Os recifes amazônicos, além de estarem em águas com muitos sedimentos, também estão em profundidades muito maiores do que o convencional, cerca de 350 metros, o que os trona únicos.

Imagem do espaço mostrando a foz do Rio Amazonas
Imagem do espaço mostrando a foz do Rio Amazonas. Foto NASA

Os recifes, assim como os mangues, são uma espécie de paraíso para os peixes e no caso dos recifes amazônicos não é diferente. Foram identificadas em torno de 70 espécies, algumas bem raras e até mesmo peixes encontrados na região do Caribe. Além disso foram identificadas 197 espécies de zooplâncton entre outros seres

Corais da foz do Rio Amazonas
Corais da foz do Rio Amazonas. Divulgação/Greenpeace

A bióloga Helena Spiritus do Greenpeace traduz o quão importante é a descoberta dos recifes: Os recifes do Amazonas são um ambiente único, que ainda está sendo descoberto. Ninguém imaginava que pudesse ser tão grande

Recifes já "nascem" ameaçados

Mal foram identificados e os corais amazônicos já estão ameaçados pela exploração petrolífera. A empresa francesa Total e a britânica BP conseguiram em 2013 a área dos recifes para exploração, antes das mais recentes descobertas dos pesquisadores. Um dos locais que as empesas pretendem explorar está a somente 8 km do local dos recifes. A exploração de petróleo ameaça gravemente não só os corais, que são únicos no mundo, mas todo o ecossistema da região como o peixe-boi-marinho pela constante perigo de derramamento de petróleo e outras interferências ligadas a exploração.

Mas a sociedade civil tem se movimentado com relação ao tema. O Greepeace lançou uma campanha para proteger os corais da exploração petrolífera através de petição pública. Além disso o professor Francini enviou ofício à Procuradoria Geral da União requisitando o bloqueio do pedido de licenciamento ambiental para a exploração de petróleo na região incluindo fotos submarinas dos recifes a fim de tentar sensibilizar os procuradores.

Referências:

Pesquisa FAPESP - Floresta submarina

UNISINOS - Corais da Amazônia: Nosso tesouro recém-descoberto e já ameaçado

WWF - Exploração de petróleo ameaça corais da Amazônia, alerta WWF-Brasil

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