Ha um bom tempo não aparecia um filme de caráter mais politizado, pelo menos no cinema americano, porém quando apareceu fez por merecer.
Frost / Nixon, numa mistura de documentário e filme, mostra os bastidores da primeira entrevista dada por Richard Nixon após sua renúncia da presidência dos Estados Unidos, motivada pelo que foi conhecido com escândalo Watergate.
Apesar de já terem sido feitos outros filmes sobre a história do escândalo, este me chamou a atenção por outro motivo. A guerra de egos destruidos.
O filme mostra uma batalha entre um ex-presidente, atolado em denuncias e escândalos, mas que nunca confessou ou pagou por seus crimes, e um jornalista considerado na época como simples apresentador, sem grandes atrativos. A entrevista se torna uma grande oportunidade para ambos, já que tudo pode se transformar em espetáculo, e consequentemente, em dinheiro.
As sutis nuances do filme são, na minha opinião, interessantíssimas. A forma como ambos procuram vender sua imagem e impor seu dominio sobre o outro. As técnicas utilizadas para deixar o oponente nervoso pouco antes da entrevista, o clima de tensão, bastidores a ponto de explodir. E, finalmente, a derrota de um homem sobre tão grande peso, que é tomar decisões que não só afetaram seus compatriotas, mas o mundo (foi na administração Nixon que o estados unidos expandiram sua guerra contra o comunismo do Vietnan para o Camboja).
Nixon, aparentemente atormentado por seu passado, desabafa ao público nestas entrevistas, o que a torna um grande sucesso.
Acredito ser um filme que mostra muito bem como se forma todo o ambiente de uma entrevista bombástica e tensa, aliado ao embate de egos.