Neste terceiro dia de dezembro, ao sair do metrô para a Avenida Paulista quase fui levada pelo vento forte e gelado. Em meio a ele vejo milhares de luzes e enfeites das árvores de Natal, dos prédios e das calçadas... É Natal...Caminho e tenho a sensação de que já é Natal e, num impulso, paro e ergo os olhos para o céu. As nuvens espessas de um cinza perolado me fazem ter a certeza, por um instante, de que flocos de neve começarão a cair enquanto olho para o céu...afinal, milagres de Natal existem! Continuo a minha caminhada e me vejo cantarolando Have Yourself A Merry Little Christmas (lógico que na minha cabeça a voz que ouço é a de Bing Crosby). Caminho devagar, ouvindo a música, sentindo o vento e me deixando invadir pelo brilho e pelas cores do Natal...essas sensações me dominam, me embalam.
Volto para casa em estado de graça, desejando um chá quente com especiarias, uma fatia generosa de panettone e alguns cookies para completar. Eles são o acompanhamento perfeito para o clássico filme de Natal “A Felicidade Não Se Compra” (It´s A Wonderful Life - 1946 - Frank Capra). Todos os anos ao assistí-lo sei que vou chorar, porém no final, em lugar da tristeza, sou dominada pela alegria de estar viva e reconheço quantas bençãos recebi. Se eu pudesse desejar um presente, seria como no filme, anjos descendo a terra para mostrar as pessoas como a vida delas é valiosa, importante e necessária. Que dádivas foram concedidas durante todo o ano, só faltava alguém nos conduzir para enxergá-las.
Nesta época do ano ouço muitas pessoas dizerem não gostar do Natal, sem saber explicar o porquê desse sentimento. Coincidentemente hoje, no metrô, li a respeito da “metáfora do nascimento no final do ano, no final escuro e morto do ano.” A autora refletia sobre a agitação desse período, concluindo que “talvez seja o desejo de voltar a descobrir a luz que nos pertence” e que iremos reencontrar no novo ano. Para mim esse final não é escuro, nem morto, mas sim de uma luz suave, aconchegante, acariciante, que nos prepara para um nova etapa...se estivermos em companhia das pessoas que amamos é simplesmente perfeito.
Você pode estar pensando que isso é um monte de bobagens e que esse Natal Branco é irreal, faz parte de outras culturas, afinal estamos no Brasil, terra do verão. Só posso dizer que este é o Natal dos contos infantis, da música, das tradições, dos filmes...o Natal dos meus sonhos.
Desejo a você um Natal mágico e que a estrela mais brilhante o guie em seus sonhos.
Obs: Não se esqueça, quando ouvir sinos tocando saiba que um anjo acabou de ganhar suas asas lá no céu.