O que podemos esperar de um pai motivador fracassado que tenta emplacar seus 9 passos para o sucesso, um avô viciado em heroína, um adolecente que apenas lê Nietzsche e não fala ha 9 meses, um tio suicida e uma filha atrapalhada que é classificada para um concurso de beleza?
Bom, para o padrão americano de sucesso (e também para o de muitos outros países) esta é uma família de perdedores e sua história deveria ser banida. Mas será que devemos sacrificar o que somos à fim de vencermos, ou seja, se travestir da máscara que a sociedade acredita ser o perfil ideal?
As confusões e enrascadas que a família Hoover se mete são tão hilárias e inusitadas que até um defunto eles carregam na kombi em que atravessam o país para chegar ao local do concurso Little Miss Sunshine. Mas no meio da confusão aos poucos eles vão se encontrando e descobrindo uma nova maneira de ser uma família, que não precisa ser a ideal.
Apesar de ser uma comédia, o filme nos faz refletir sobre o que é ser um perdedor e um ganhador, conceitos estreitos e massificados que nem de longe exprimem a complexidade que são as pessoas e mesmo as famílias. É como Frank cita no filme o escritor Marcel Proust ele sempre foi um perdedor mas nunca se arrependeu disto, pois foi por ser perdedor que ele foi quem era.
Pequena Miss Sunshine pode muito bem reforçar o sentido da famosa frase de León Tolstói de que As famílias felizes parecem-se todas; as famílias infelizes são infelizes cada uma à sua maneira. Ainda bem que não existe maneira certa para se ser feliz.